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terça-feira, 22 de março de 2011

Parte Cinco: O Inferno é logo ali




INT. Apartamento 201 – Sala - Dia

Sara está deitada no sofá dormindo, o homem está em pé ao lado do sofá e Matias olha fixamente pra ele.

Homem#1
Às vezes eu sinto falta de ser criança, essa capacidade que eles tem de, diante da situação mais difícil, manter as esperanças... Olha como ela dorme, provavelmente por que você disse que tudo iria acabar bem... Você acha que tudo vai acabar bem pra vocês?

Matias
Talvez!

Homem#1
Você não fechou os olhos por um minuto, não é?

Matias
É meio difícil, se levar em conta o que me espera.

Homem#1
Essa é uma das coisas ruins de ser um adulto, a gente não consegue se desligar dos problemas.

Matias
È verdade!

Homem#1
O que você diria se eu dissesse que estou pensando seriamente em poupar a sua irmã?

Matias
Que você está mentindo!

Homem#1
Não, eu não estou... Sabe há quanto tempo eu não encontro uma mulher nessa cidade? Há uns vinte dias, nenhuma...

Matias arregala os olhos entendendo aonde ele quer chegar.

Matias
Se você ousar fazer isso com ela, eu juro que te mato!

Homem#1
Relaxa garoto, eu vou esperar ela crescer um pouco mais... Mas não muito, tenha isso em mente.

Matias
Eu juro que vou te matar!
Homem#1
Serio?

Matias
É... Tenha isso em mente!

O Homem#1 se aproxima de Matias e lhe da uma coronhada que faz Matias desmaiar.

INT. Apartamento 201 – Sala – Dia - Alguns minutos depois

Matias começa a acordar, sua visão está embaçada. Quando volta ao normal ele vê que o Homem#1 está apontando a pistola em sua direção e nota que seu revolver está na cintura do Homem#1.

As mãos de Matias estão amarradas para frente na altura do pulso, Sara está chorando.

Homem#1
Está pronto pra ir, garoto?

Matais
Vai pro inferno!

Homem#1
Não está tão corajoso agora, não é? Eu já contei pra sua irmã sobre a nossa futura vida juntos... Acho que no fundo ela ficou animada com a idéia de não ser despedaçada por um monte de canibais.

Matias
Não dê ouvidos a ele, Sara, tudo vai ficar bem, não se preocupe.

Homem#1
Levanta garoto, é hora de darmos uma volta.

Matias
O que estamos esperando, então?

Matias se levanta e passa pelo Homem#1, que fica atrás dele apontando sua pistola para sua cabeça.

Matias
Lembra do que eu te disse ontem, Sara?

Sara
Lembro!

Matias
Que bom!

Homem#1
Chega de papo e anda logo!

INT. Prédio – Térreo – Corredor - Dia

As luzes piscam sem parar, Homem#1 está segurando Sara com uma mão e com a outra ele está apontando a arma para Matias.

Matias desloca o seu dedo polegar da mão direita, seu corpo se estremece e seus olhos se enchem de lágrimas devido à dor.

Homem#1
O que houve? Começou a tremer de medo garoto?

Matias
É, estou começando a ouvir o gemido e o fedor dessas coisas.

Homem#1
Se sobrar o suficiente, em breve você será uma dessas coisas.

EXT. Prédio - Dia

Há cerca de sessenta mortos no portão. Sara se assusta ao ver a quantidade de zumbis.

Sara
São muitos!

Homem#1
Acho que não vai sobrar muito para você se levantar, não acha?

Matias
Acho!

Matias se livra da corda e bate na arma que o Homem#1 segura, a arma desliza pelo chão, ele tenta pegar o revolver de Matias que está em sua cintura, mas Matias se joga contra ele e eles começam uma luta corporal.

Matias
Sai daqui Sara!

Matias acerta um soco na cara do Homem#1.

Matias
Vai logo Sara!

Sara corre e entra no prédio outra vez.


A luta continua até que Matias consegue pegar seu revolver na cintura do Homem#1. Matias se levanta e aponta a arma para o homem.

Homem#1
O que houve garoto, não quer que sua irmã veja quem você realmente é?

Os mortos se agitam esticando seus braços entre as brechas do portão tentando alcançá-los.

Matias
Você merece morrer, mas ela não precisa ver isso!

Matias engatilha a arma.

Homem#1
O que está esperando?

Matias
Eu quero que você saiba que eu não queria ter que fazer isso, mas você não me deixou nenhuma escolha.

Homem#1
Devo dizer que você também não me deixou nenhuma!

Matias
O quê?

O Homem#1 retira do bolso um pequeno controle com dois botões.

Matias
O que é isso?

Homem#1
A gente se vê no inferno, garoto!

O Homem#1 aperta um dos botões e o portão começa a fazer barulho e a abrir, Matias olha atônito enquanto os mortos se dirigem para o portão.

Matias
Seu desgraçado!

Homem#1
Vamos acabe com isso, garoto!

Matias corre até onde a pistola do Homem#1 caiu e a pega.

Matias
Você cometeu um grande erro!

Matias atira no joelho do Homem#1 que grita de dor.

Matias
Boa sorte!

Matias corre pra dentro do prédio enquanto os mortos começam a invadir.

INT. Prédio - Corredor 1° andar - Dia

Matias corre pelo corredor.

Matias
Sara! Sara! Onde você está?

INT. Prédio - Apartamento 108 – Sala - Dia

Matias entra apressado.

Matias
Sara, você está ai? Sara?!

INT. Prédio - Corredor 2° Andar - Dia

Matias corre chamando por Sara.

Matias
Sara! Sara!

Ele sobe as escadas para o Terceiro andar.

INT. Prédio - 3° Andar - Dia

Matias está respirando ofegante.

Matias
Sara!

A porta de um dos apartamentos se abre e Sara surge.

Sara
Estou aqui!

Matias a abraça.

Matias
Nós temos que nos esconder.

Sara
Eu ouvi um tiro!

Matias
Vamos!

Matias segura a mão de Sara e tenta puxá-la para fora dali, mas ela não se mexe e se livra dele.

Matias
O que você esta fazendo?

Sara
Tem algo que você precisa ver!

Matias
O quê?

Sara
Vem!

Ela o puxa pela mão para dentro do apartamento.

INT. Prédio - Apartamento 303 – Sala - Dia

Ao entrar Matias tranca a porta, ele mal repara que o apartamento está bem arrumado, como se o inferno que está do lado de fora não tivesse chegado até ali.

Matias
O que você quer me mostrar?

Sara o conduz até a porta do quarto.

Sara
Está aí!

Matias abre a porta, seus olhos arregalam ao ver uma garota amarrada a uma cadeira, ela parece desmaiada e sua mão está enfaixada. Matias olha pra Sara sem acreditar no que seus olhos estão vendo.

Sara
Acha que ela está morta?

Matias olha pra Sara sem saber ao certo o que responder.

Revisão de Texto Alicia Giglio

copyright 2011

sábado, 19 de março de 2011

Parte 4: SE O AMANHA NUNCA CHEGAR



Matias
Sara sai daqui!

O Homem#1 aponta a arma para Sara.

Homem#1
Fique aí mesmo, garotinha!

Matias
O que você quer?

Homem#1
Então eram vocês que estavam fazendo todo aquele barulho... Duas crianças.

Matias
O que você quer?

Homem#1
Garoto, você acha que está em condições de fazer qualquer pergunta? Eu estou no controle da situação, caso não tenha percebido.

Sara
Não atira no meu irmão!


Homem#1
Menina, vocês fizeram uma grande arruaça, atirando e correndo por aí. Olha lá pra fora, deve haver umas cinquenta dessas coisas, porque alguém andou praticando tiro ao alvo.

Matias
Eu precisei atirar!

Homem#1
Precisou? Até aqui dentro?

Matias
Tinha uma dessas coisas aqui dentro.

Homem#1
A mulher? Ela mal se mexia, umas pancadas na cabeça teriam resolvido o problema, um tiro era desnecessário.

Matias
Então por que você não esmagou a cabeça dela?

Homem#1
Ela não era problema meu, e nem ao menos era uma ameaça.

Sara
Ela estava sofrendo!

Homem#1
Essas coisas não sofrem, criança idiota!

Matias
Não fala assim com ela!

Homem#1
Você vai fazer o que, garoto?

Matias
Esse prédio é grande o suficiente pra todos nós, por que você está fazendo isso? Por quê?

Homem#1
Por quê? Vou te dizer o porquê, garoto. Eu planejava dar o fora dessa merda hoje à noite, mas um cowboy apareceu disparando tiros e agora só com umas asas pra dar o fora desse lugar, garoto.

Matias
Esse lugar é seguro, por que você quer sair daqui?

O Homem#1 começa a rir e coça a cabeça com a arma.
Homem#1
Seguro? Você acha mesmo que esse lugar é seguro? Eu matei alguns zumbis quando entrei aqui, mas com certeza deve haver outros por aí, além daqueles do outro lado do portão, que por sinal eu não acho que vão ficar do outro lado por muito tempo.

Matias
Nós podemos sair daqui juntos...

Homem#1
Não seja ridículo, não tenho a mínima intenção de sair daqui acompanhado por você ou por essa garota inútil... Eu me viro melhor sozinho.

Matias
Então vai embora e deixa a gente aqui...

Homem#1
Infelizmente isso não será possível, eu ainda pretendo sair daqui e vocês dois serão a distração perfeita para os canibais lá fora.

Sara
O quê?

Homem#1
Enquanto eles devoram vocês, eu dou o fora daqui e vou para o interior onde essa merda deve estar bem menor.

Matias
Você não precisa fazer isso, nós podemos resolver isso, cara...

Homem#1
Eu já resolvi, garoto!

Matias
Então use só eu como distração deixa a minha irmã ir embora, por favor!

Homem#1
Eu até poderia fazer isso, mas já que ela não conseguirá viver sozinha por muito tempo mesmo, então é melhor livrar ela de morrer de fome.

Matias
Por favor!

Homem#1
Chega de choramingar, pedir por favor não vai fazer eu mudar de idéia. Vamos, levanta, faremos um passeio.

Sara recosta na parede e começa a chorar.
Flashback Sara:

INT. Casa – Sala - Dia

Matias sai batendo a porta. Sara olha para os lados, sua expressão é de preocupação, mas ela se deita e continua a ver desenho.

Ela escuta um barulho na cozinha e levanta assustada, ela, então, caminha ate lá.

INT. Casa – Cozinha - Dia
Ela não vê nada de anormal na cozinha e aproveita pra pegar um pouco de água.

EXT. Casa – Entrada – Dia - Entardecer

Ela observa a vizinhança tudo parece normal, há crianças brincando nas casas vizinhas, pessoas conversando, mas um frio percorre a espinha dela, que volta para dentro.

INT. Casa – Corredor – Dia - Entardecendo

Sara caminha até a porta no final do corredor, gira a maçaneta e entra.

INT. Casa - Quarto De Matias – Dia - Entardecer

Sara liga o computador e começa a jogar. Ela joga por alguns minutos. De repente escuta um grito que a assusta e a faz levantar rapidamente da cadeira. Sara presta atenção e escuta mais gritos e então sai do quarto.

INT. Casa – Sala – Dia - Entardecer

Ela caminha até a janela, levanta um pouco a cortina e observa a movimentação na rua. Ela vê pessoas correndo desesperadas e abre um pouco mais a cortina. Ao fazê-lo, Sara vê um grupo de seis pessoas devorando uma criança.

Sara
Meu Deus!

Sara fecha a cortina e senta no sofá, ela pega o controle remoto e liga a televisão. Surgem as imagens de um vídeo que mostra várias pessoas devorando umas as outras, a imagem é tremula e parece ter sido feita de dentro de um carro, mostra também pessoas correndo, desesperadas para salvarem suas vidas, um homem meio careca deixa uma mulher e duas crianças para trás, pouco depois elas são devoradas pelos mortos. Sara está atônita com tudo que vê.

Sara
O que é isso?!

O apresentador está boquiaberto com as cenas que acabou de testemunhar.

Apresentador
Desculpem-me, telespectadores, é que essas imagens são as mais aterrorizantes que já testemunhei, e eu já cobri duas guerras... Mas asseguramos que ficaremos no ar o máximo o possível. Continuamos a nossa cobertura ao vivo sobre esse evento que está varrendo o planeta... Tudo indica que os mortos estão se levantando e se alimentando de carne humana, isso mesmo que vocês ouviram, os mortos estão caminhando e se alimentando dos vivos, vídeos não param de chegar à nossa emissora, a internet está cheia desses vídeos... Não há como negar esse horrendo acontecimento... Na humilde opinião desse apresentador, nós podemos estar testemunhando o fim do mundo, como nós conhecemos.

O apresentador coloca a mão no ouvido como se estivessem falando com ele.

Apresentador
Acabamos de receber mais um vídeo, esse foi enviado por um morador da cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais.

O vídeo feito por um celular mostra dezenas de mortos devorando corpos despedaçados em plena praça central.

Apresentador
As autoridades informam que todos devem permanecer em suas casas, reforçar as portas e janelas e se não for possível, que procure um dos postos de refugiados, como eles estão sendo chamados. Os postos estão localizados em estádios de futebol e nas escolas. Os moradores devem procurar nas proximidades de sua residência, vale lembrar que o modo mais eficaz de eliminar os mortos é causar algum trauma na cabeça... Eu peço a todos que rezem para que Deus nos livre desse mal que recaiu sobre nós...

Sara desliga a televisão.

Sara
Mãe...

Ela pega seu celular e disca o número de Matias.

Voz (Off)
O celular chamado encontrasse desligado ou fora da área de cobertura, por favor, tente mais tarde.

Sara liga outra vez.

Voz (Off)
O celular chamado encontrasse desligado ou fora da área de cobertura, por favor, tente mais tarde.

Sara tenta ligar pra sua mãe, mas escuta o som de ocupado. Lágrimas começam a escorrer pelo seu rosto, enquanto ela disca mais uma vez para Matias.

Sara
Onde você esta Matias!?

Mais gritos são ouvidos e também disparos, ela pensa em sair quando escuta sirenes, mas desiste porque os disparos se tornam mais intensos. Ela se esconde atrás do sofá e chora enquanto disca o número de Matias mais algumas vezes.

Sara
Matias, onde você está? Vem pra casa, eu to com medo... As pessoas estão se matando tem um monte deles... Vem pra casa, por favor!

A porta se abra e bate pouco depois, Sara desliga o telefone e olha para a direção do estrondo, onde encontra sua mãe parada.

Sara
Mãe!

Mãe
Sara!

Ela caminha até Sara e a abraça.

Sara
Eu estava com tanto medo!

Mãe
Eu também estava com medo de que alguma coisa tivesse acontecido com você ou com seu irmão.

Sara
O que está acontecendo, mãe?

Mãe
Eu não sei Sara, vai chamar o seu irmão, vamos pra um dos campos de refugiados.

Sara
O Matias não está aqui!

Mãe
O quê? Pra onde ele foi?

Sara
Eu não sei, ele disse que precisava sair e que era pra eu ligar pra ele caso acontecesse alguma coisa, mas o celular dele não está funcionando.

Mãe
Eu disse pra ele não sair.

Sara
O que vamos fazer?

Mãe
Ele deve estar na casa de um dos amigos dele. Vou às casas de pelo menos dois procurar por ele.

Sara
É perigoso!

Mãe
Eu sei, por isso você vai ficar aqui até eu voltar; se por acaso seu irmão voltar antes de mim diz pra ele esperar, juntar algumas frutas e água, talvez alguma comida, que iremos partir assim que eu voltar.

Sara
E se você não achar ele?

Mãe
Eu vou achar!

Sara abraça a Mãe.

Sara
Eu não quero ficar sozinha!

Mãe
Sara, por favor, é perigoso demais levar você junto, você precisa ficar aqui filha.

Sara
Não mãe, eu quero ir com você, por favor.

Ela pensa por um instante.

Mãe
Tudo bem, Sara, mas você não vai sair de dentro do carro, aconteça o que acontecer, não importa o que você veja você não vai sair de dentro do carro.

Sara
Certo mãe!

A mãe abre uma gaveta, pega papel e caneta e escreve alguma coisa, depois pega um pedaço de fita adesiva e cola na parede de frente pra porta. Ela segura Sara pela mão e elas saem.

PLANO DETALHE:
No Papel está escrito: Matias Espere por nós, logo estaremos de volta Ass: Sua mãe.

CORTA PARA:

INT. Prédio - Apartamento 201 – Sala - Noite

Matias está sentado numa cadeira com suas mãos amarradas pra trás, Sara está sentada no chão ao lado dele.

O Homem#1 está comendo biscoitos.

Homem#1
Espero que estejam gostando das minhas acomodações.

Matias
Você não passa de um desgraçado!

Homem#1
É melhor você parar com os insultos, ou eu atiro nessa garota chorona aí do seu lado.

Matias
Você se sente superior ameaçando uma criança de dez anos? É isso?

Homem#1
Garoto, esse seu joguinho não vai levar você a lugar nenhum, ao amanhecer eu vou dar o fora daqui e como eu já disse, vocês vão me ajudar.

Sara (Falando Baixo)
Matias, o que vamos fazer?

Matias
Tenta ficar calma, Sara, eu vou pensar em alguma coisa...

Sara
Eu estou com medo!

Matias mexe a mão para que Sara a segure e segura firme na mão dela.

Matias
Tudo vai ficar bem... Eu vou dar um jeito... Só esteja preparada pra correr.

Sara balança a cabeça de forma positiva, o Homem#1 para em frente a Matias e lhe da um soco na cara, Matias sente o golpe e fica meio atordoado.

Homem#!
Não minta para a menina, nada vai ficar bem... E não tente nada estúpido, não me obrigue a estourar a cabeça da garota, prefiro deixar os zumbis fazerem isso.

O Homem#1 puxa Sara pelo braço.

Matias
Tire suas mãos dela, seu desgraçado!

O Homem#1 joga Sara no sofá.

Homem#1
Fica aí, garota...

Ele aponta a arma pra Matias.

Homem#1 (Cont.)
Se você falar comigo desse jeito outra vez... Eu juro que vou desperdiçar uma bala na cabeça dessa garota, entendeu?

Matias olha pra ele com seus olhos transbordando ódio.

Homem#1
Eu te fiz uma pergunta garoto, você entendeu?

Matias
Sim, eu entendi!

Homem#1
Que bom. Odiaria ter que atirar nela... Posso precisar dessa bala mais tarde, não é?

O Homem#1 se deita no outro sofá e fica olhando para Sara, que está chorando.

Sara
Por que você é tão mau?

Homem#1
Eu não sou mau, menina... Eu só quero sobreviver, não me importa que pra isso eu tenha que sacrificar vocês dois.

Sara
A gente tem sobrevivido sem matar nenhuma pessoa que não fosse um desses monstros.

Homem#1
Se o seu irmão tivesse que matar alguém pra salvar você, ou ele mesmo... Você acha que ele pararia, por um minuto, para pensar que a pessoa não era um zumbi e sim um ser humano igual você? Você acha que ele não me mataria pra salvar você? A única diferença entre mim e seu irmão é que eu não estou tentando proteger ninguém a não ser a mim mesmo, mas isso não faz de mim uma má pessoa, sou só uma vítima das circunstâncias igual vocês, não estou certo, Matias?

Sara
Você está errado!

Matias
Não completamente Sara!

Sara
O quê?

Matias
Se eu tivesse que matar alguém pra te salvar, eu o faria. Talvez de certa forma eu já tenha até feito, mas a diferença entre nós dois... É que eu tentaria achar outra solução, uma que não envolvesse a morte de ninguém.

Homem#1
Infelizmente minha inteligência é limitada e essa foi a melhor idéia que eu pude ter, lamento.

Matias
Ainda não!

Homem#1
É melhor você dormir, quanto mais vocês estiverem descansados, mais tentarão se livrar dos zumbis e os manterão entretidos por mais tempo.

Matias
Você está começando a gostar da idéia de nos ver sermos mortos por aqueles monstros, não é? No fundo é o que você quer!

Homem#1
Talvez!

Matias
Por quê?

Homem#1
Eu não vejo uma pessoa ser morta há uns dez dias, ver vocês sendo mortos... Vendo uma menininha de 10 anos, tão inocente, sendo despedaçada por um bando de zumbis famintos... Isso vai me jogar de volta para a realidade.

Matias
Você está aqui há dez dias?

Homem#1
Não, estou aqui há quatro dias... Mas isso não é realmente importante, garoto.

Matias
Tem razão não é!


Sara deita no sofá, Matias olha para seu revolver que está em cima da mesa.

FLASHBACK SARA

INT. Carro – Dia - Entardecer

A mãe está dirigindo, ela tem dificuldade em desviar de todos os carros parados e dos corpos que estão espalhados pela rua.

A rua está bloqueada com dois carros que colidiram. Ela manobra o carro e sobe na calçada atropelando um zumbi que se rastejava. Sara olha pra trás e vê o zumbi com as tripas espalhadas e ainda se mexendo.

Sara
Mãe você atropelou alguém...

Mãe
Ele não era uma pessoa, Sara.

Sara
Ele ainda estava se mexendo!

Mãe
Sara! Escute-me aquilo não era uma pessoa, pelo menos não mais... Era um zumbi, ou seja lá o que essas coisas sejam.

Sara
Por que isso está acontecendo?

Mãe
Eu não sei, Sara!

Sara
Pra onde a gente está indo?

Mãe
Pra casa de um dos amigos do seu irmão, talvez ele esteja lá esperando que tudo isso acabe.

Sara
Você acha que vai acabar logo?

Mãe
Eu espero que sim!

Sara
Mãe, eu estou com medo!

Mãe
Eu também estou, Sara! Mas no momento você tem que ser forte, você já é uma mocinha, Sara.

Sara
Eu vou tentar!

A mãe atropela um zumbi. O pára-brisa fica sujo de sangue e ela usa o limpador para ter um pouco mais de visão. Ela estaciona o carro em frente a uma casa, na frente da casa está um cachorro morto e um rastro de sangue, como se alguém ferido estivesse fugido da casa. Sara vê a cena e abaixa a cabeça.

Mãe
Lamento que você esteja vendo essas coisas.

Sara
Eu lamento que algo assim tenha acontecido!

A mãe dá um beijo na testa de Sara.

Mãe
Fica dentro do carro, não importa o que aconteça fique dentro do carro, você entendeu, Sara?

Sara
Sim mãe!

Mãe
Boa menina!

A Mãe sai de dentro do carro.

Mãe: Sai De Cena

Sara observa toda a movimentação pelas janelas do carro, pra todos os lados que ela olha ela só vê sangue e órgãos humanos espalhados pelo chão, Há poucos corpos espalhados pela rua, mas há muitos rastros de sangue.

Sara começa a ficar impaciente e ela olha constantemente em direção à casa, mas sua mãe não sai.

Sara (para si mesma)
Ela pode estar ferida... Precisando de mim... Mas ela disse que era pra eu ficar aqui, mas eu estou com tanto medo.

Sara abre a porta do carro e desce.

EXT. Rua - Noite

Seu olhar é de medo enquanto ela olha ao seu redor e só vê corpos e poças de sangue espalhados pela rua. Ela caminha em direção a casa que sua mãe entrou.

Sua mãe surge na porta e Sara nota, ao olhar para os olhos estatelados de sua mãe, que o perigo é iminente.

Mãe
Sara, cuidado!

Sara olha pra trás e vê um zumbi correr em sua direção com sua boca espumando sangue, seus braços estão estendidos na direção dela, Sara não conseguia se mexer, estava em choque e quando o zumbi estava preste a mordê-la, sua mãe a empurra, e o zumbi cai sobre sua mãe.

Sara
Mãe!

A mãe luta bravamente pra tirar o zumbi de cima dela. Ela vê então uma pedra a alguns passos dela.

Mãe
Sara, pega essa pedra!

Sara olha pra pedra, mas não se mexe.

Mãe
Rápido, Sara!

Sara parece despertar, pega a pedra e se aproxima de sua mãe, em seguida joga a pedra perto dela, O zumbi olha pra Sara e a mãe aproveita e bate com a pedra na cabeça dele três vezes até que ele para de se mexer completamente.

Mãe
Meu Deus!

Sara corre a abraça a mãe.

Sara
Me desculpa!

Mãe
Está tudo bem, Sara!

Sara
Eu achei que você podia precisar de ajuda!

A Mãe passa a mão no cabelo de Sara e sorri.

Mãe
Está tudo bem, você me ajudou... Agora vamos pra casa.

Sara
E o Matias?

Mãe
Ele não está aqui!

Sara
A gente precisa achar ele, mãe.

Mãe
A gente precisa ir pra casa, Sara e não discuta comigo!

INT. Carro - Noite

A Mãe manobra o carro e dirige em direção à sua casa, seu olhar é de preocupação.

Sara
Você está preocupada com o Matias?

Mãe
Claro que estou!

Sara
Então por que a gente parou de procurar por ele? Você só foi à casa de um dos amigos dele, ele pode estar na casa de outro.

Mãe
Sara, eu estou muito preocupada com o seu irmão, mas ele não está aqui agora. Eu nem sei se ele está vivo, mas espero que esteja... Minha única preocupação no momento é manter você a salvo e rezar para que seu irmão volte.

Sara nota uma mordida no braço de sua mãe.

Sara
Aquela coisa te mordeu?

A Mãe respira fundo com uma expressão triste.

Mãe
Sim Sara! Ele me mordeu.

VOLTA A CENA:

Revisão De Texto Alicia Giglio

copyright 2011

Parte 3: Perigo



INT. Apartamento 108 – Quarto - Dia

Matias está sentado na cama olhando o corpo da mulher em que ele atirou.

Matias
A culpa não é sua... Você com certeza não queria se tornar um monstro, assim como eu não queria atirar em você... Eu realmente lamento que você tenha tido uma morte tão violenta e dolorosa... Mas acho que sua segunda morte não deve ter doido... Pelo menos assim espero... Não foi só com você, todos aqueles que eu tive que atirar até aqui, eu realmente lamento ter atirado neles.

Matias se levanta.

Matias (Con´t)
Chega de conversa!

Matias segura o braço direito dela e arrasta o corpo para fora do quarto.

INT. Apartamento 108 – Sala – Dia

Matias coloca o corpo no para-peito da janela e joga ele pra baixo.

P.O.V. DE MATIAS

Há cerca de 30 mortos aglomerados no portão que ele pulou.

VOLTA A CENA:

Matias se senta no sofá, Sara vem do banheiro em direção à sala.

Sara
Ouvi um barulho, o que houve?

Matias
Nada!

Sara nota uma expressão triste no rosto de Matias.

Sara
Você parece triste.

Matias
É só aparência, não se preocupe... O chuveiro ainda funciona?

Sara
Sim, e a água está quente!

Matias
Que bom, vou tomar um banho também.

Sara
Você disse que racionando a gente tem comida para umas duas semanas, por que não vamos aos outros apartamentos pra ver se achamos mais comida e algumas outras coisas?

Matias
Você viu como aquela mulher estava, Sara? Aquilo significa que deve ter pelo menos mais uns cinco desses monstros aqui dentro do prédio, eu quero evitar ao máximo um confronto, se aquela comida durar só duas semanas, daqui a duas semanas eu irei atrás de mais comida.

Sara
Mas e se passar da validade?

Matias
É impossível que tudo estrague em duas semanas, então, por favor, apenas durma. Tem outro quarto e ele está praticamente limpo, só meio empoeirado, mas você pode dormir muito bem lá.

Sara
E você vai dormir onde?

Matias
Eu não estou com sono, Sara, vou ficar acordado caso alguma dessas coisas tente entrar aqui. Tente fazer o mínimo de barulho, por favor, não quero que essas coisas sejam atraídas pra cá.

Sara
Era você que tava fazendo barulho.

Matias
Eu sei, mas só não faça mais barulho do que eu já fiz, tudo bem?

Sara
Tudo bem!

Sara se vira pra sair da sala.

Matias
Sara...

Sara
Que foi!

Matias
Desculpa se eu estou sendo muito duro com você... Eu só quero nos manter a salvo e às vezes nós temos que ser mais duros do que realmente gostaríamos... Eu queria ter percebido isso antes.

Sara caminha até ele e o abraça.

Sara
Você está fazendo um grande trabalho. Nós ainda estamos vivos, enquanto a maioria se transformou em monstros.

Matias
Obrigado!

Sara
Eu te amo!

Matias
Eu também te amo!

Ele dá um beijo no rosto dela e depois passa discretamente um dedo no olho, enxugando uma lágrima antes que Sara veja.

Matias
Já está tarde, vai dormir menina.

Sara
Boa noite Matias!


Matias
Boa noite Sara!

FLASHBACK

EXT. Rua - Noite

Matias está caminhando no meio de um grande caos. Há corpos espalhados por todos os lados, alguns com tiros na cabeça, outros estão desmembrados, ou parcialmente devorados. Seus olhos estão perdidos diante de tanto caos, tantas mortes, ele então vê no chão um revolver calibre 38, ainda tem uma mão o segurando.

Matias se agacha e tenta tirar a arma da mão caída no chão, mas não consegue.

Gabriel
É o rigor mortis!

Matias se levanta no susto e vê um homem parado atrás dele com uma barra de ferro na mão.

Matias
Quem é você?

Gabriel
Meu nome é Gabriel, e o seu?

Matias
Meu nome é Matias...

Gabriel
Prazer, Matias, é bom ver que nem todo mundo está morto.

Matias
O que está havendo?

Gabriel
Ninguém sabe, pelo menos não ainda... A única coisa que dizem é que as pessoas devem ficar em casa.

Matias
Eu estou indo pra casa.

Gabriel
Eu também... Boa sorte, Matias.

Matias
Obrigado, pra você também!

Gabriel corre.

Gabriel sai de cena.

Matias consegue retirar o revolver da mão, ele olha o tambor e vê que só tem uma bala.

Matias
Seria sorte.

Ele corre em direção a sua casa, descendo a rua ele vê duas crianças devorando o corpo de uma mulher. As crianças parecem não tê-lo notado, então ele continua correndo, quando um tiro é disparado na direção dele. Matias se joga no chão e aponta a arma em todas as direções. Ele não percebe, mas o tiro chamou a atenção das crianças que correm na direção dele.

Mauro: Entra em Cena

Ele está vestido com a farda do exercito.

Mauro
Não se mexe!

Ele atira nas duas crianças sem demonstrar nenhum sentimento. Matias olha para trás e vê os corpos das crianças.

Matias
Você atirou neles... Eram só crianças!

Mauro
Aquelas crianças teriam devorado você vivo, sem nem ao menos se importarem com isso.

Matias
Você é do exercito, sabe o que está havendo?

Mauro
Minha missão consiste em conter esses monstros e conduzir qualquer sobrevivente a algum dos postos de segurança.

Matias
Postos de segurança?

Mauro
Não tenho tempo para ficar batendo papo, vamos.

Matias
Eu tenho que ir para casa e ver se minha irmã está bem.

Mauro
Eu detesto ter que dizer isso, mas é provável que sua irmã já esteja morta.

Matias
Ela esta viva!

Mauro
Você que sabe garoto, está por sua conta!

Matias
Boa sorte!

Mauro
Você precisa de sorte, garoto, não eu!

Mauro dá as costas para Matias.

Matias
Obrigado mesmo assim!

Mauro para e olha pra Matias, mexe no bolso de sua calça e taca algumas balas calibre 38 para Matias, as balas se espalham no chão.

Mauro
Acho que servem na sua arma... Se eu fosse você seria rápido, os tiros vão atrair mais dessas coisas pra cá.

Mauro: Sai De Cena

Matias se abaixa e pega as balas, ele coloca cinco no tambor e guarda o resto no bolso. Ele começa a escutar os gemidos assustadores e então se levanta e corre na direção oposta.

EXT. Rua Onde Matias Mora - Noite

Matias está ofegante. A rua está praticamente deserta, há apenas dois mortos andando, ele caminha de forma sorrateira, mas um dos mortos percebe sua presença e corre em sua direção, ele então atira na cabeça do morto que cai no chão. O outro corre na direção dele e Matias também atira, derrubando-o. Matias está tremendo, ele caminha com a arma abaixada em direção a sua casa. Ele vê uma mancha de sangue em forma de mão na porta.

Matias
Por favor, Deus, que ela esteja bem... Eu não peço quase nada, mas, por favor, que nada de mal tenha acontecido a ela.

Matias caminha em direção a porta.
CORTA PARA:

INT. Apartamento 108 – Sala - Noite

Matias está dormindo no sofá.

INT. Apartamento 108 – Quarto - Noite

Sara desperta, ela se senta na cama e se espreguiça, depois se levanta e sai do quarto.

INT. Apartamento 108 – Sala - Noite

Ao chegar na sala, Sara vê um homem parado perto da porta apontando uma arma para Matias, que ainda esta dormindo.

Sara grita.

Matias acorda assustado com o grito de Sara e vê o homem apontando a arma em sua direção e então tenta pegar seu revolver.

Homem#1
Nem pense nisso garoto!


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segunda-feira, 14 de março de 2011

Parte 2: Um novo lar?



INT. Prédio – Corredor - Dia

As luzes do corredor piscam constantemente.

Sara
Tem luz, talvez a gente possa tomar um banho de água quente.

Matias
É melhor não sonhar tão alto!

Sara
Tudo que eu queria era um banho quente.

No fim do corredor surge um homem, Matias bloqueia a passagem de Sara usando o seu braço.

Matias
Fica atrás de mim!

O morto corre na direção deles emitindo um grande grunhido, como se fosse um animal. Matias aponta o revolver na direção do morto, quando ele chega perto Matias dispara um tiro certeiro na testa do Morto fazendo um grande buraco. Sara vira o rosto fazendo uma cara de nojo.

Sara
Eca!

Matias
Já devia estar acostumada com isso.

Sara
Certas coisas não tem como se acostumar.

Matias
Eu sei, agora vamos procurar algum apartamento vazio.

INT. Prédio - Corredor 1° andar - Dia

Matias anda com muita cautela, sempre com seu revolver em punho e mantendo sua irmã atrás dele.

Ele quase escorrega numa poça de sangue. Sara vira o rosto ao passar em frente a um corpo mutilado de uma senhora.

Sara
Por que alguns não se levantam?

Matias
Acho que é porque não sobra muito pra se levantar.

No fim do corredor há uma porta entreaberta de onde sai uma forte luz.

Sara
Será que tem alguém lá?

Matias
Vamos ver!

INT. Apartamento 108 – Sala – Dia

Matias entra apontando sua arma. Há sangue pelo chão e a janela está quebrada como se alguém tivesse caído. Sara se aproxima da janela quebrada.

Sara
Acho que alguém caiu!

Matias
Talvez tenha se jogado.

Sara
Por que alguém faria isso?

Matias olha pra ela como se ela tivesse esquecido algo.

Sara
Claro, tudo isso que está acontecendo.

Matias liga a televisão, mas não está passando nada, só estática.

Matias
Continua a mesma coisa.

Sara
Sinto falta de ver desenhos.

Matias
Eu sinto falta de um monte de coisas Sara, desenhos são inúteis.

Sara abaixa a cabeça, então Matias percebe que talvez tenha exagerado, se aproxima e a abraça.

Matias
Desculpa.

Ela balança a cabeça de forma positiva.

Matias
Vou ver se o local está limpo e se estiver vou ver se acho algum DVD de desenho pra você ver, tudo bem?

Sara
Sim!

Matias caminha até a porta e a fecha, mas não consegue trancar, pois não possui a chave.

Matias
Fica um pouco aqui, vou olhar os outros cômodos.

Sara
Não quero ficar sozinha!

Matias
Tudo bem Sara, você pode vir.

INT. Apartamento 108 – Quarto – Dia

Ao entrarem no quarto eles se assustam com uma mulher deitada no chão. Ela está sem as pernas, seu braço esquerdo foi arrancado na altura do ombro, suas tripas estão espalhadas pelo chão e seu rosto foi desfigurado por mordidas, mas ela ainda se mexe com dificuldade. Sara abraça Matias cheia de medo.

Matias
Tudo bem Sara!

Sara
Estou com medo!

Matias
Ela mal pode se mexer, não pode fazer nada com a gente.

Sara olha para a mulher e uma lágrima escorre pelo seu rosto.

Sara
Será que ela está sentindo dor?

Matias
...Acho que não!

Sara
Vamos sair daqui!

Matias
Vai indo!

INT. Apartamento 108 – Banheiro – Dia

Sara entra no banheiro e se senta na privada pra fazer xixi. Ela se assusta com um disparo.

INT. Apartamento 108 – Cozinha – Dia

Matias esta bebendo água quando Sara entra, ele oferece a garrafa pra ela que bebe um pouco.

Sara
Você atirou nela?

Matias
Sim!

Sara
Que bom que você acabou com o sofrimento dela.

Matias
Ela não estava sofrendo Sara, essas coisas não sentem dor.

Sara
Como você pode ter certeza?

Matias
Não importa!

Sara
Não tem mais ninguém no apartamento?

Matias
Não, só aquela mulher. Os outros devem ter saído, ou pulado pela janela.

Sara
Achou comida?

Matias entrega um pacote de biscoito pra ela.

Matias
Pode comer tudo se quiser. A maioria das coisas está fora da validade, mas tem macarrão no armário e achei salsichas na geladeira, acho que estão boas.

Sara
É uma pena que a mamãe não esteja aqui pra fazer pra nós.

Matias
Ainda bem que ela me ensinou como fazer.

Sara sorri.

O macarrão está no fogo e Matias está olhando preocupado para algumas munições que estão em cima da mesa, Sara esta olhando pra ele.

Sara
Por que está preocupado?

Matias
Não posso ficar gastando munição assim, só hoje eu já disparei quatro vezes, agora só tem duas balas no tambor e oito balas extras.

Sara
A gente precisa procurar mais!

Matias
Se fosse tão fácil... Mesmo por que eu tenho que guardar duas para nós caso seja necessário.

Sara
Eu não quero ser uma dessas coisas e andar por aí só pensando em matar pessoas, mas eu acho que eu me lembraria de você e não te atacaria.

Matias
Eu acho que isso iria além das suas capacidades, acho que essas coisas não são capazes de diferenciar nada.

Sara
Tem razão!

Matias se levanta e tira o macarrão do fogo, ele usa o escorredor pra tirar o macarrão da água, depois pega um pouco de massa de tomate e tempera o macarrão.

Sara
Está com um cheiro bom.

Matias pega as salsichas e começa a fritá-las.

Ele e Sara estão comendo macarrão com salsicha, eles estão aproveitando cada garfada e riem.

Matias
Esta bom?

Sara
Uma delicia!

Matias
Que bom que você gostou.

Sara
Agente vai ficar por aqui?

Matias
Por enquanto sim, Sara. Acho que aqui é seguro, pelo menos por enquanto. Acho que racionando essa comida da pra umas duas semanas.

Sara
E depois?

Matias
Uma coisa de cada vez, Sara, por favor. Vamos aproveitar o momento.

Sara
Claro!

Matias
Tenho que tirar o corpo daquela mulher daqui, não dá pra ficar aqui com o cheiro do corpo dela apodrecendo lá dentro.

Sara
Podíamos ver se encontramos algum lugar pra enterrar ela.

Matias
Não podemos nos dar a esse luxo, é muito arriscado perder tempo com um funeral.

Sara
Se as pessoas não recebem um funeral, suas almas não vão para o céu.

Matias
Você ainda acha que existe um céu Sara?

Sara
Claro! É lá que a mamãe está.

Matias
Sinto saudades de ser criança, ter essa inocência... Sara, tá na hora de você esquecer tudo o que você aprendeu na igreja.

Sara
Mas a mamãe sempre disse...

Matias
A mamãe está morta, Sara, todas as pessoas que a gente conheceu estão mortas, provavelmente seus amiguinhos da escola estão mortos.

Sara começa a chorar.

Matias
Desculpa Sara, mas já é hora de você parar de achar que um dia isso tudo vai ter fim...Vamos ter que nos esconder o resto das nossas vidas.

Sara
Mamãe sempre acreditou em Deus e eu vou continuar acreditando.

Matias
Tudo bem Sara...Só não fala dele pra mim.

Matias se levanta com seu prato e vai ate a pia lavá-lo. Pouco depois Sara se levanta e coloca o prato na pia ainda com um pouco de comida.

Matias
A gente não devia desperdiçar!

Sara
Não estou mais com fome... Vou tomar um banho.

Matias
Tenha cuidado... Qualquer coisa você grita e corre.

Sara
Eu sei!

Sara sai da cozinha.

Sara Sai De Cena:

Matias larga o prato e começa a chorar.

FLASHBACK


INT. Galpão-Noite

Matias desperta. Ele se senta e leva a mão à cabeça fazendo cara de dor, sua mão esta suja de sangue por causa do ferimento, ele percebe que está sozinho no galpão.

Matias (Grita)
Pessoal!

O grito dele ecoa pelo galpão.

Matias
Os desgraçados me deixaram aqui.

Matias se levanta e caminha até seu celular que está caído a alguns passos dele, ele pega o celular e abre, está marcando 10 ligações perdidas. Ele olha a lista de números e vê que é o celular de sua irmã.

Matias
Droga!

Ele tenta discar, mas a chamada não é completada. Ele começa a se preocupar e disca o numero da sua casa, mas só escuta o som de ocupado.

Matias
O que tá havendo com esses telefones?!

Ele percebe que tem um recado de voz no seu celular e aperta pra ouvir.

Sara (Off)
Matias, onde você está? Vem pra casa, eu tô com medo... As pessoas estão se matando, tem um monte deles... Vem pra casa, por favor!

Em off ele escuta o barulho de uma porta batendo e o recado termina.

Matias
Meu Deus!

Ele desliga o celular e corre pra sair do galpão.

EXT. Rua - Noite

Ao sair, ele vê uma cena apocalíptica, carros batidos, sangue e corpos mutilados por toda a parte. Ele não acredita no que seus olhos estão vendo, um homem, com suas duas pernas arrancadas na altura dos joelhos, se arrastando em sua direção, esticando a mão como se estivesse pedindo ajuda, Matias se aproxima do homem.

Matias
Quem fez isso com você?

O Homem continua se arrastando emitindo apenas um grunhido.

Matias
Eu vou chamar uma ambulância!

Matias disca o número da emergência.

Voz (Off)
No momento todas as nossas linhas estão ocupadas, tente mais tarde.

Matias desliga o celular.

Matias
Desculpa cara!

Uma mulher passa correndo.

Matias
Ei!

Ela olha na direção de Matias, mas continua correndo. Cinco pessoas passam correndo atrás dela emitindo o mesmo grunhido que o homem sem as pernas.

Matias
Mas o que diabos está havendo?

Um policial corre na direção de Matias com a boca espumando sangue, Matias nota que ele não tem uma das mãos e que parece que arrancaram um pedaço da jugular dele. Matias dá alguns passos para trás sem saber ao certo o que fazer, o Policial se joga contra ele e tenta mordê-lo, Matias tenta manter a boca do policial longe dele.

Matias
Pare! Sai de cima de mim!

Matias luta pra se livrar do Policial que parece possuído e tenta a todo custo mordê-lo.

Matias
Droga!

Com muito esforço, Matias consegue empurrar o policial para o lado, mas antes que Matias tenha tempo de se levantar, o policial avança contra ele de novo, mas dessa vez Matias o empurra com as pernas, lançando o policial contra o chão, fazendo-o bater a cabeça no chão e parar de se mexer, Matias se senta atordoado com a situação.

Matias
Meu Deus! Meu Deus!

Ele caminha até o corpo do policial e olha o coldre do policial, mas está sem a arma. Ele nota que o homem sem as pernas está se arrastando na sua direção e então sai correndo.


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domingo, 13 de março de 2011

Parte 1: O Começo





FADE IN:


INT.Carro-Noite

Matias está sentado no banco da frente. Ele tenta manter seus olhos abertos, apesar de estar quase sendo vencido pelo sono. Sua irmã Sara esta dormindo no banco de trás.

De repente eles escutam gemidos assustadores, são vários e estão se aproximando.

Sara
Matias!

Ele passa cuidadosamente para o banco de trás e abraça Sara, que está tremendo de medo.

Matias
Fica calma.

Sara
Eles podem nos ver?

Matias
Só se fizermos barulho, fique em silêncio, tá?

Sara balança a cabeça de forma positiva. Matias se inclina um pouco, quase deitando no banco. Eles escutam passos e gemidos passando ao lado do carro. Quando ele não escuta mais passos se levanta um pouco e através do pára-brisa e vê um grupo de cerca de 20 mortos caminhando pela rua.

Matias
Fazia tempo que não via tantos juntos.

Sara
Eu estou com medo!

Matias
Tá tudo bem, quando amanhecer a gente sai daqui.

Sara
Eu estou com fome.

Matias
Eu também, Sara, mas temos que economizar.

Sara
Tá bom.

Ao ver a expressão triste no rosto de sua irmã, ele pega a mochila no banco do motorista, tira uma barra de cereais e da para ela comer.

Sara
Não aguento mais comer barras de cereais!

Matias
É tudo que tem na mochila, barras de cereais.

Sara
Queria comer um hambúrguer.

Matias
Eu também!

Sara
Quanto tempo mais você acha que isso vai continuar?

Matias
Eu não sei, eu pensei que em uma semana estaria tudo resolvido, mas já faz mais de um mês que isso tudo começou.

Sara
Acha que está todo mundo morto igual à mamãe?

Matias
Não! Com certeza existem outros por ai, mas eles devem estar se escondendo igual nós. Ficar andando por aí não é seguro.

Sara termina de comer a barra de cereais.

Sara
Eu ainda estou com fome!

Matias
Sara, eu não posso te dar outra barra eu não sei quando vamos encontrar comida de novo, isso tem que durar o máximo.

Sara
Vou dormir um pouco!

Matias
Durma tranquila, ficarei de olho.

Sara deita sua cabeça na perna de Matias que recosta no banco.

FLASHBACK

INT.Delegacia-Noite

Matias está sentado, seu olho esquerdo está inchado e há sangue em sua camisa. Sua mãe sai de dentro de uma sala.

Mãe
Vamos!

Matias se levanta e a acompanha.

INT.Carro-Noite

Ela está visivelmente irritada, ele parece estar indiferente.

Mãe
Qual é o seu problema Matias?

Matias
Nenhum!

Mãe
Nenhum? Quando você não arruma problemas na escola é na rua, olha pra você, está todo machucado.

Matias (Sorrindo)
O outro cara esta bem mais machucado eu, te garanto.

Mãe
Você acha isso engraçado? Eu tenho que acordar cedo pra ir trabalhar, eu devia estar dormindo, não numa delegacia.

Matias
Eu não pedi pra você vir.

Mãe
Você é menor de idade Matias, eu estou cansada de ter que ficar me preocupando se você esta ou não aprontando alguma coisa.

Matias
Por que não me manda pra viver com meu pai?

Mãe
Você acha que seu pai vai querer você ou sua irmã morando com ele? Ele não quer nada que o faça lembrar que ele esta ficando velho.

Matias
Você está errada!

Mãe
Que seja Matias, eu devo chegar tarde hoje quero que você tome conta da sua irmã até eu chegar.

Matias
Eu tenho uma festa pra ir!

Mãe
Não tem não, você está de castigo, vai ficar em casa e tomar conta da sua irmã até eu voltar, estamos entendidos?

CORTA PARA:

EXT.Rua-Dia

Matias esta segurando um revolver calibre 38. Ele segura o revolver numa mão e a mão de sua irmã na outra.

Sara
Deve ter muitos deles por aqui.

Matias
Eu sei! Mas se a gente conseguir entrar num desses prédios talvez achemos comida e um lugar seguro pra ficar.

Sara
A maioria está com o portão aberto.

Matias
Eu sei, esses não são seguros.

Matias vê um prédio com o portão ainda fechado, mas tem alguns mortos por perto.

Matias
É aquele!

Sara
Você está louco? Tem muitos monstros!

Matias
Eu já vi, mas até onde eu sei, eles não são capazes de escalar muros nem grades, então se a gente conseguir pular aquele portão estaremos bem.

Sara
E se houver mais deles lá dentro?

Matias
Se tiver não vão ser muitos!

Sara
Como vamos fazer?

Matias
Eu vou chamar a atenção deles, enquanto isso você pula a grade.

Sara
E você?

Matias
Não se preocupe, eu vou dar a volta eles vão correr atrás de mim, mas não vão me alcançar, não se preocupe.

Sara
Eu não quero ficar sozinha!

Matias
Sara! Não vai levar nem dois minutos, tudo que você precisa fazer é pular aquele portão e me esperar. Você consegue pular aquele portão?

Sara
Consigo.

Matias
Tem certeza?

Sara
Tenho!

Matias
Quando eles vierem atrás de mim, você corre ate lá e pula o portão, mas você precisa ter certeza que todos correram atrás de mim, se algum ficar pra trás você fica escondida atrás da caçamba de lixo.

Sara
Tá bom.

Matias da um beijo na testa dela e respira fundo, ele corre na direção dos mortos e dispara um tiro que atinge um dos mortos os outros olham na direção dele, rosnam como se fossem cachorros e correm na direção dele que foge entrando numa rua.

Sara espera todos os mortos passarem e corre até o portão, ela começa a escalar, mas tem um pouco de dificuldade. Um morto corre na direção dela e estica o braço tentando alcançar as pernas dela.

Sara
Sai daqui!

Ela balança as pernas tentando afastar as mãos dele e então ela consegue subir um pouco mais e pula para o outro lado. O morto ainda tenta pegá-la por entre as brechas do portão, mas ela se afasta um pouco e olha o desespero dele pra tentar acalcá-la.

Sara
Eu preciso de uma arma!

Matias esta correndo, cerca de 10 mortos estão correndo atrás dele, ele está dando a volta no quarteirão e um morto sentado no chão se levanta quando ele se aproxima, Matias desvia dele e continua correndo.

Ele está de volta à rua onde deixou sua irmã. Ele vê o morto parado no portão e atira nele que cai no chão, Matias consegue pular o portão num único impulso, ele cai ao lado de sua irmã que o abraça.

Sara
Estava preocupada!

Matias
Eu disse que ia voltar!

Os mortos que estavam correndo atrás de Matias também se amontoam no portão e esticam seus braços tentando alcançá-los.

Sara
Será que eles lembram que já foram pessoas normais?

Matias
Você sabe muito bem que eles não pensam em nada, eles estão mortos só que o cérebro deles ainda está funcionando, os fazendo agir assim.

Sara fica olhando pra eles com um olhar triste enquanto Matias caminha pra entrar no prédio.

Matias
Vem Sara!

Ela olha para eles por mais alguns segundos antes de atender ao seu irmão.

Matias tenta abrir a porta de vidro mais não consegue.

Matias
Droga!

Sara
Tem que abrir por dentro!

Matias atira no vidro que se estilhaça.

Matias
Pronto!

Eles entram.

FlashBack

INT.Casa-Sala-Dia-Entardecer

Sara esta assistindo desenho, Matias entra na sala.

Matias
Eu estou saindo!

Sara
Eu não posso ficar sozinha, Matias!

Matais
Você já tem dez anos Sara, eu não vou demorar, então fique aqui e não abra a porta pra ninguém, você entendeu?

Sara
Entendi.

Matias
Qualquer coisa você me liga!

Sara balança a cabeça de forma positiva, Matias sai da casa.

INT.Galpão-Dia-Entardecer

Matias está acompanhado por um grupo de uns 10 garotos.

Matias
Cadê eles?

Garoto#1
Já estão vindo!

Matias olha o celular, O Garoto#1 nota.


Garoto#1
Esta esperando alguma ligação cara?

Matias
Não, só estava vendo as horas.

Um grupo surge na entrada do galpão e caminha na direção de Matias e dos outros.

Garoto#1
Desliga esse celular!

Matias coloca o celular em cima de uma caixa.

Matias
Vamos nessa!

Matias e o grupo dele partem para cima do outro grupo e começa uma grande troca de socos e chutes, Matias derruba dois, mas recebe uma violenta paulada na cabeça e cai desmaiado.

Revisão De Texto Alicia Giglio

copyright 2011

quarta-feira, 9 de março de 2011

Filhos do Apocalipse




Quando o mundo todo se vê diante de um verdadeiro apocalipse zumbi, o jovem e irresponsável Matias se vê obrigado a proteger sua irmã mais nova, Sara. À medida que o perigo vai crescendo a cada esquina, ele não medirá esforços para levar sua irmã para um local seguro Eles encontraram pelo caminho outros sobreviventes de passado desconhecido e que, assim como ele farão tudo pra sobreviver e assim, ele descobrirá que o perigo nem sempre esta nos corpos apodrecidos dos zumbis.

Revisão de Texto Alicia Giglio

copyright 2011