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segunda-feira, 14 de março de 2011

Parte 2: Um novo lar?



INT. Prédio – Corredor - Dia

As luzes do corredor piscam constantemente.

Sara
Tem luz, talvez a gente possa tomar um banho de água quente.

Matias
É melhor não sonhar tão alto!

Sara
Tudo que eu queria era um banho quente.

No fim do corredor surge um homem, Matias bloqueia a passagem de Sara usando o seu braço.

Matias
Fica atrás de mim!

O morto corre na direção deles emitindo um grande grunhido, como se fosse um animal. Matias aponta o revolver na direção do morto, quando ele chega perto Matias dispara um tiro certeiro na testa do Morto fazendo um grande buraco. Sara vira o rosto fazendo uma cara de nojo.

Sara
Eca!

Matias
Já devia estar acostumada com isso.

Sara
Certas coisas não tem como se acostumar.

Matias
Eu sei, agora vamos procurar algum apartamento vazio.

INT. Prédio - Corredor 1° andar - Dia

Matias anda com muita cautela, sempre com seu revolver em punho e mantendo sua irmã atrás dele.

Ele quase escorrega numa poça de sangue. Sara vira o rosto ao passar em frente a um corpo mutilado de uma senhora.

Sara
Por que alguns não se levantam?

Matias
Acho que é porque não sobra muito pra se levantar.

No fim do corredor há uma porta entreaberta de onde sai uma forte luz.

Sara
Será que tem alguém lá?

Matias
Vamos ver!

INT. Apartamento 108 – Sala – Dia

Matias entra apontando sua arma. Há sangue pelo chão e a janela está quebrada como se alguém tivesse caído. Sara se aproxima da janela quebrada.

Sara
Acho que alguém caiu!

Matias
Talvez tenha se jogado.

Sara
Por que alguém faria isso?

Matias olha pra ela como se ela tivesse esquecido algo.

Sara
Claro, tudo isso que está acontecendo.

Matias liga a televisão, mas não está passando nada, só estática.

Matias
Continua a mesma coisa.

Sara
Sinto falta de ver desenhos.

Matias
Eu sinto falta de um monte de coisas Sara, desenhos são inúteis.

Sara abaixa a cabeça, então Matias percebe que talvez tenha exagerado, se aproxima e a abraça.

Matias
Desculpa.

Ela balança a cabeça de forma positiva.

Matias
Vou ver se o local está limpo e se estiver vou ver se acho algum DVD de desenho pra você ver, tudo bem?

Sara
Sim!

Matias caminha até a porta e a fecha, mas não consegue trancar, pois não possui a chave.

Matias
Fica um pouco aqui, vou olhar os outros cômodos.

Sara
Não quero ficar sozinha!

Matias
Tudo bem Sara, você pode vir.

INT. Apartamento 108 – Quarto – Dia

Ao entrarem no quarto eles se assustam com uma mulher deitada no chão. Ela está sem as pernas, seu braço esquerdo foi arrancado na altura do ombro, suas tripas estão espalhadas pelo chão e seu rosto foi desfigurado por mordidas, mas ela ainda se mexe com dificuldade. Sara abraça Matias cheia de medo.

Matias
Tudo bem Sara!

Sara
Estou com medo!

Matias
Ela mal pode se mexer, não pode fazer nada com a gente.

Sara olha para a mulher e uma lágrima escorre pelo seu rosto.

Sara
Será que ela está sentindo dor?

Matias
...Acho que não!

Sara
Vamos sair daqui!

Matias
Vai indo!

INT. Apartamento 108 – Banheiro – Dia

Sara entra no banheiro e se senta na privada pra fazer xixi. Ela se assusta com um disparo.

INT. Apartamento 108 – Cozinha – Dia

Matias esta bebendo água quando Sara entra, ele oferece a garrafa pra ela que bebe um pouco.

Sara
Você atirou nela?

Matias
Sim!

Sara
Que bom que você acabou com o sofrimento dela.

Matias
Ela não estava sofrendo Sara, essas coisas não sentem dor.

Sara
Como você pode ter certeza?

Matias
Não importa!

Sara
Não tem mais ninguém no apartamento?

Matias
Não, só aquela mulher. Os outros devem ter saído, ou pulado pela janela.

Sara
Achou comida?

Matias entrega um pacote de biscoito pra ela.

Matias
Pode comer tudo se quiser. A maioria das coisas está fora da validade, mas tem macarrão no armário e achei salsichas na geladeira, acho que estão boas.

Sara
É uma pena que a mamãe não esteja aqui pra fazer pra nós.

Matias
Ainda bem que ela me ensinou como fazer.

Sara sorri.

O macarrão está no fogo e Matias está olhando preocupado para algumas munições que estão em cima da mesa, Sara esta olhando pra ele.

Sara
Por que está preocupado?

Matias
Não posso ficar gastando munição assim, só hoje eu já disparei quatro vezes, agora só tem duas balas no tambor e oito balas extras.

Sara
A gente precisa procurar mais!

Matias
Se fosse tão fácil... Mesmo por que eu tenho que guardar duas para nós caso seja necessário.

Sara
Eu não quero ser uma dessas coisas e andar por aí só pensando em matar pessoas, mas eu acho que eu me lembraria de você e não te atacaria.

Matias
Eu acho que isso iria além das suas capacidades, acho que essas coisas não são capazes de diferenciar nada.

Sara
Tem razão!

Matias se levanta e tira o macarrão do fogo, ele usa o escorredor pra tirar o macarrão da água, depois pega um pouco de massa de tomate e tempera o macarrão.

Sara
Está com um cheiro bom.

Matias pega as salsichas e começa a fritá-las.

Ele e Sara estão comendo macarrão com salsicha, eles estão aproveitando cada garfada e riem.

Matias
Esta bom?

Sara
Uma delicia!

Matias
Que bom que você gostou.

Sara
Agente vai ficar por aqui?

Matias
Por enquanto sim, Sara. Acho que aqui é seguro, pelo menos por enquanto. Acho que racionando essa comida da pra umas duas semanas.

Sara
E depois?

Matias
Uma coisa de cada vez, Sara, por favor. Vamos aproveitar o momento.

Sara
Claro!

Matias
Tenho que tirar o corpo daquela mulher daqui, não dá pra ficar aqui com o cheiro do corpo dela apodrecendo lá dentro.

Sara
Podíamos ver se encontramos algum lugar pra enterrar ela.

Matias
Não podemos nos dar a esse luxo, é muito arriscado perder tempo com um funeral.

Sara
Se as pessoas não recebem um funeral, suas almas não vão para o céu.

Matias
Você ainda acha que existe um céu Sara?

Sara
Claro! É lá que a mamãe está.

Matias
Sinto saudades de ser criança, ter essa inocência... Sara, tá na hora de você esquecer tudo o que você aprendeu na igreja.

Sara
Mas a mamãe sempre disse...

Matias
A mamãe está morta, Sara, todas as pessoas que a gente conheceu estão mortas, provavelmente seus amiguinhos da escola estão mortos.

Sara começa a chorar.

Matias
Desculpa Sara, mas já é hora de você parar de achar que um dia isso tudo vai ter fim...Vamos ter que nos esconder o resto das nossas vidas.

Sara
Mamãe sempre acreditou em Deus e eu vou continuar acreditando.

Matias
Tudo bem Sara...Só não fala dele pra mim.

Matias se levanta com seu prato e vai ate a pia lavá-lo. Pouco depois Sara se levanta e coloca o prato na pia ainda com um pouco de comida.

Matias
A gente não devia desperdiçar!

Sara
Não estou mais com fome... Vou tomar um banho.

Matias
Tenha cuidado... Qualquer coisa você grita e corre.

Sara
Eu sei!

Sara sai da cozinha.

Sara Sai De Cena:

Matias larga o prato e começa a chorar.

FLASHBACK


INT. Galpão-Noite

Matias desperta. Ele se senta e leva a mão à cabeça fazendo cara de dor, sua mão esta suja de sangue por causa do ferimento, ele percebe que está sozinho no galpão.

Matias (Grita)
Pessoal!

O grito dele ecoa pelo galpão.

Matias
Os desgraçados me deixaram aqui.

Matias se levanta e caminha até seu celular que está caído a alguns passos dele, ele pega o celular e abre, está marcando 10 ligações perdidas. Ele olha a lista de números e vê que é o celular de sua irmã.

Matias
Droga!

Ele tenta discar, mas a chamada não é completada. Ele começa a se preocupar e disca o numero da sua casa, mas só escuta o som de ocupado.

Matias
O que tá havendo com esses telefones?!

Ele percebe que tem um recado de voz no seu celular e aperta pra ouvir.

Sara (Off)
Matias, onde você está? Vem pra casa, eu tô com medo... As pessoas estão se matando, tem um monte deles... Vem pra casa, por favor!

Em off ele escuta o barulho de uma porta batendo e o recado termina.

Matias
Meu Deus!

Ele desliga o celular e corre pra sair do galpão.

EXT. Rua - Noite

Ao sair, ele vê uma cena apocalíptica, carros batidos, sangue e corpos mutilados por toda a parte. Ele não acredita no que seus olhos estão vendo, um homem, com suas duas pernas arrancadas na altura dos joelhos, se arrastando em sua direção, esticando a mão como se estivesse pedindo ajuda, Matias se aproxima do homem.

Matias
Quem fez isso com você?

O Homem continua se arrastando emitindo apenas um grunhido.

Matias
Eu vou chamar uma ambulância!

Matias disca o número da emergência.

Voz (Off)
No momento todas as nossas linhas estão ocupadas, tente mais tarde.

Matias desliga o celular.

Matias
Desculpa cara!

Uma mulher passa correndo.

Matias
Ei!

Ela olha na direção de Matias, mas continua correndo. Cinco pessoas passam correndo atrás dela emitindo o mesmo grunhido que o homem sem as pernas.

Matias
Mas o que diabos está havendo?

Um policial corre na direção de Matias com a boca espumando sangue, Matias nota que ele não tem uma das mãos e que parece que arrancaram um pedaço da jugular dele. Matias dá alguns passos para trás sem saber ao certo o que fazer, o Policial se joga contra ele e tenta mordê-lo, Matias tenta manter a boca do policial longe dele.

Matias
Pare! Sai de cima de mim!

Matias luta pra se livrar do Policial que parece possuído e tenta a todo custo mordê-lo.

Matias
Droga!

Com muito esforço, Matias consegue empurrar o policial para o lado, mas antes que Matias tenha tempo de se levantar, o policial avança contra ele de novo, mas dessa vez Matias o empurra com as pernas, lançando o policial contra o chão, fazendo-o bater a cabeça no chão e parar de se mexer, Matias se senta atordoado com a situação.

Matias
Meu Deus! Meu Deus!

Ele caminha até o corpo do policial e olha o coldre do policial, mas está sem a arma. Ele nota que o homem sem as pernas está se arrastando na sua direção e então sai correndo.


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